Sexta-feira, 02 de outubro de 2009. Tanto o governador como o prefeito da cidade maravilhosa decretaram ponto facultativo. Enquanto, no metrô, o povo se dirigia para a praia de Copacabana desde cedo, eu ia para mais um dia de trabalho. Que batalha! Aguentar a hora da decisão do resultado da cidade sede dos Jogos Olímpicos de 2016 não foi fácil.
O expediente estava tenso. E na TV, rádio, internet, Twitter, jornais, entre outros meios de comunicação, se limitavam a falar dos jogos. Lógico! Naquele momento, nada era mais importante. Até a fraude no Exame Nacional do Ensino Médio ficou coadjuvante neste 2 de outubro histórico para o País.
O início da tarde se aproximava. E o famoso “Boa Tarde”, de Sandra Annenberg, estava verde-amarelo, ou melhor, mais amarelo do que verde, porque a apresentadora do Jornal Hoje, da TV Globo, estava com uma blusa à la canarinho. Mais gema de ovo era impossível. Mas pelo menos foi por uma boa causa, né. Hehe...
A primeira a ficar para trás foi Chicago. Logo em seguida, os japas também perderam a disputa. Sobrou Madri. O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Jacques Rogge, até se atrapalhou na hora de abrir o envelope com o resultado. Pensei logo: xiiii... MACUMBA! O envelope estava de cabeça para baixo. Hahahahaha... E outra: ele veio numa bandeja de louça. Primeira pergunta: para quê? Por fim, o resultado saiu e o Rio levou a melhor.
Parabéns à cidade que mais uma vez conseguiu trazer um grande evento para o Brasil, mesmo com muitos torcendo contra, como os paulistas (sempre eles), ou pessoas que chamam os cariocas de favelados, funkeiros imbecis, ou que não gostam de trabalhar, dentre outras coisas. Segundo dados divulgados pela imprensa, cerca de trinta mil pessoas estavam na praia de Copacabana para acompanhar o resultado. E depois do resultado foi só festa. Como diz o Dicró: “Churrasco pra todo mundo".
E mal a notícia foi divulgada, já estão surgindo os do contra por aí dizendo que o governo vai roubar dinheiro do contribuinte com obras superfaturadas para a realização dos jogos, que o Brasil tinha coisas mais importantes para resolver antes de sediar uma olimpíada, e blá, blá, blá... Aff...
Ora, se todos os países que já sediaram a olimpíada tivessem de resolver antes seus problemas como corrupção, violência, pobreza, falta de investimento aqui ou acolá, NUNCA haveria olimpíada em lugar nenhum. Corrupção existe em todo lugar, pobreza também, falta de investimentos idem. Os Jogos de Atlanta (EUA), em 1996, por exemplo, foram um verdadeiro pandemônio. Falta disso, falta daquilo. Ninguém poderia esperar tanta desorganização da maior potência mundial. Isso ninguém lembra.
É lógico que o nosso PAN não foi lá essas coisas. Na época, a crise no PT afundou ainda mais a imagem do presidente e o povo, revoltado com aquela situação e com a chuva de escândalos, o vaiou em plena cerimônia de abertura dos jogos no Maraca. Sem contar que em muitas competições tivemos de testemunhar a falta de educação de alguns torcedores tupiniquins que cismavam em vaiar os atletas de outros países. Ô gente... E sem falar nos escândalos de superfaturamentos das obras e do abandono de algumas instalações depois da realização dos jogos.
Na contramão de muitos brasileiros, sou simpatizante ao presidente Lula. Sim, e daí? Claro que de vez em quando ele dá algumas mancadas; ou diz o que não deve na hora errada; ou que não sabe de nada; volta da CPMF, escândalos envolvendo o PT, enfim... Porém, mesmo assim simpatizo com O Cara. Se somarmos todas as conquistas para o País com o PT à frente no governo brasileiro podemos tirar aí um saldo médio. PROUNI, Jogos Pan Americanos, conquista da Copa de 2014 e agora a das Olimpíadas de 2016. Não se pode negar que tudo isso não causou nenhum impacto na vida do brasileiro. Até os mais pessimistas, no fundo, dão o braço a torcer.
Muitas pessoas que antes não sabiam como seria o futuro na época da escola, hoje já planejam até fazer pós-graduação, graças ao Programa Universidade para Todos. Isso, com certeza, não deve ter tido nenhum impacto para a classe média, mas para um garoto da favela, que enfrenta tiroteios, pobreza, enchentes e que tem um ensino de quinta na escola, a universidade pôde lhe trazer uma esperança de melhorar a sua história e ajudar a sua família. O ideal seria que não houvesse esse sitema de cotas, pois o correto seria as escolas oferecerem um ensino de qualidade para todos. Como isso não acontece na prática, o PROUNI veio para tentar "corrigir" esse erro.
O primeiro passo foi dado. Agora, precisamos pressionar o governo para termos mais investimentos em esportes, principalmente nas escolas, e patrocínio para os nossos atletas. E cobrar tudo o que foi prometido para a realização desses jogos, pois, afinal, o dinheiro sairá dos nossos bolsos. Portanto, se “We Can” “We Pay Too”. Vamos comemorar, mas, também, cobrar.